04/09/2018

Soltar das mãos...



E no encaixe do teu abraço, encontrei um vazio a me machucar. 
A fria distância maltrata com palavras doce de saudade, corroendo um sentimento que antes estava lapidado em pedra bruta. 
O nó na garganta trava a voz que queria ser ouvida... 
As Lágrimas traduzem o que transborda dentro do peito,um oceano de fraqueza e solidão. 

A solidão veio de fininho, bem sorrateira. 
Se achegou, se escorou, puxou uma cadeira, sentou fitando cada movimento ao redor no aguardo de um leve descuido para então agir. 
Eu, diante de tantas lutas diárias me vi vencida por ela. 
Baixei minha guarda, enfraqueci...  "Agora é a vez" ela me disse e assim o jogo foi vencido. 

"Vamos,Ânimo!" grita meu coração, mas as forças parecem me faltar. 
O amor por ti ainda existe... está lá,  sobrevivendo com o que a solidão deixa passar por entre as brechas da vigília, esperando chegar alguém na hora certa para voltar a viver.  

Então, Quando você vem?

J. A. Lins

02/04/2018

O baú...


Não sei mais de onde vem minha força já que me deixei levar pelos tons cinzas da vida. 
Não sei mais quem sou, não me reconheço... Indago-me perante as memórias de alguém que um dia fui, lembranças remotas de um flashback passados repetidas vezes.

Sinto-me quebrada, com uma peça faltante. Peça essa jogada no baú de coisas pra arrumar depois. Baú este empoeirado guardado lá no canto escuro; com memórias vívidas, relíquias de sentimentos, registros de momentos infinitos pausados ali... E em meio a isso tudo, lá está: Um eu esquecido, adormecido, enrolado - com cuidado- numa peça de tecido do tempo... Tempo este que não voltará. 

A vida segue o seu rumo, com suas tons cinzas ora mais escuros, ora mais suaves. Resta recuperar em mim aquela força para colorir ao modo de antes, e assim retomar quem um dia fui. 

(J.A Lins) 

08/03/2016

Desabafo


Não sou a heroína que você deseja ou merece ter. 
Não sou aquela mãe supimpa dos desenhos animados que todos adoram, que – de tão maravilhosa- nem tem cena muito longa para não fazer o povo chorar. 
Não sou Santa, não sou moderna, não entendo muito, não sei tudo e nem tenho recursos suficiente para te dar um terço do mundo… 
Desculpe, mas sou apenas humana. 
Tenho meus medos que se entrelaçam nos erros que são infinitos. Erros esses que não quero que os cometa, porque a dor pra corrigi-los é tamanha e o peso de carregá-los é maior ainda. Medos esses que endurece o peito e congela alma… Fazendo o coração, às vezes, ser frio ao sentimento. 
Sou humana. Nem das piores, nem das perfeitas…
Sou aquela humana que apanhou tanto que, ao ver minhas cicatrizes, tento te proteger dos golpes duros da vida, mesmo que isso às vezes machuque ou irrite. 
Aquela que vê lá na frente e aconselha a não seguir esse caminho, mesmo que ache isso autoritarismo e não ligue. Aquela que chora escondido por achar que todo esforço está sendo em vão e que muitas vezes utiliza da dureza para que não desvie pro caminho incerto.
Aquela que se nega a baixar a guarda,a se relaxar e te sentir num abraço com receio que as investidas desse mundo de pedras, dores, preconceitos e julgamentos escapem dos meus ombros e caiam sobre você, como caiu – e ainda cai – em mim várias vezes…
Viver dói. Mas o que posso fazer?

Sou apenas uma mãe. 
Nem das melhores, nem das piores, nem aquela “ideal” que tanto queria que fosse… . 
Sou apenas…humana.
(J.A Lins)

18/03/2015

Metades...


Um eu num inteiro vazio.
Metade de um ser num eterno processo incompleto.
A vida por entre linhas e parágrafos incessantes, intensos e constantes...
Vírgulas que calam, pausam o momento, prendem ligeiramente o ar para depois cair nas redenções das reticências que instigam uma continuidade...
Um quê de esperança num misto de surpresa e apreensão.
Versos que se desenvolvem numa página limpa, verbos que regem para uma concordância perfeita, orações que coordenam e subordinam aos deleites da compreensão...
Todos se completam numa rima d'um soneto impecável, mas - como tudo que pode ser criado - tende a um ponto final.
Metade de mim é puramente literário...
a outra metade, inexisto.
 (J.A. Lins)


06/11/2013

Redescoberta.




Quanto mais se conhece, mais se deseja desvendar... Porque o tempo é o senhor do esquecimento e mestre dos mais singelos acontecimentos.
Não há fim na escrita, não há tempo que resista.
A distância instiga o acontecimento, a saudade alimenta a alma, mas experiências se misturam, e as vidas se transformam na mais enfeitada história de "amor".

Queria ser para vós apenas a lembrança mais suave... aquela lá, que ao deslizar pelos pensamentos, trará consigo a percepção de que tudo valeu a pena...
E quando a mesma induzir-me o sentimento da saudade - ainda que bem distante - pensarei logo de imediato que entraste na minha vida com um propósito Divino: o de fazer lembrar que, o tempo cura todas as dores... inclusive a de perdê-lo.

Sendo assim, aqueço-me nos raios de sol...
Redescubro a pureza do perdão e a felicidade nos pequenos gestos...
E , acima de tudo, não deixarei de amar a pessoa mais importante na minha vida:
EU!


16/10/2013

Escolhas




Não foi por tua ausência, e sim, por minha presença...
Deixei os sonhos além da utopia para embalar, com realismo, minha busca pela felicidade. Lutei pela minha constituição, renovação, aparição, fixação... e a caminho do esquecimento, deparo-me, a cada instante, com o que é admirável a ser lembrado.

Não foi por querer tua partida, e sim, por querer minha volta...
Abandonei os laços insistentemente desprezíveis e refiz os elos calorosamente brandos, pois há prazeres momentaneamente aborrecidos e desprazeres necessariamente benignos.

Não foi por detestar tua vida, e sim, por desejo de refazer a minha...
Livrei- me da tua confusa forma de "amar" e apreciei o amor que tanto tenho a dar.

Não foi por não te querer, foi por te querer demais...
Guardei as madrugadas, dias e noites de amor numa caixa escura bem num canto da sala e ressurgi  para o mundo...para a vida.

Hoje, aprendendo a apreender, percebo que a pior e a melhor coisa da minha vida, foi conhecer-te.
Das alegrias tiro os agradecimentos, das tristezas, a estabilidade de não mais errar e a força para suportar


12/08/2013

Pequenas Epifanias...



"Mas eu olho pra você e me vem tanta ternura que agradeço a esperança porque você é bom e me inspira a ser alguém melhor. Porque eu lembro sempre, quando eu olho pra você, que quando chove sobre o mar, a água doce e a salgada entram numa intimidade máxima. E não é à toa que o soro fisiológico é quase o resultado desse encontro mágico dos dois: um punhado de chuva pra duas pitadas de mar."